Era tão lindo o meu mundo...

Era tão lindo o meu mundo...

Eu passeava por bosques e jardins

Colhia flores no aventalzinho branco

E as dava à minha mãe: eu dava a mim...

Escrevia toscos versos a meu pai

Com uma letra parecendo garatuja

Ele entendia ali tudo o que vai

No coração de alguém tão pequenino...

Na minha casa morava a minha avó

E a irmã dela, Caíta, eu a chamava...

E tia Lidya irmã do meu papai

Que nos crochês enternecia sua vida...

Eu declamava, eu dançava, eu cantava

E no piano as lições eu estudava

E elas iam para a sala a me ouvir...

Tínhamos tão pouco! Mas nossa riqueza

Era a Família em redor da mesa

E as orações de agradecimento e prece...

Meu avô, pai da mamãe, morava perto,

Amava as flores, os livros, os jardins

Quantas alegrias nos encontros se fizeram...

Depois...

Cada um deles retornou à sua Morada...

Diminuíram os rostos... E as fadas

Sempre presentes nas alegrias, debandaram...

O primeiro Amor fez-se Luz em meu caminho,

Mas a morte quis jogar-me traiçoeira

Para longe de quem era o “meu menino...”

Perdi mais um... Foi um luto atrás do outro...

Mas eu lembrava o que ouvi ainda em menina:

- Sê forte! Lembra-te sempre de quem és!...

E minha mãe completava com carinho:

- Somos filhas do Rei, meu amorzinho!...

Passou-se o tempo... E eu sobrevivi!...

- Moro sozinha depois de tantos anos...

Mas por aonde vou seus carinhos sempre sinto

Eles me amparam como Anjos nos caminhos...

Lembranças dos conselhos... Todos vêm,

Nenhum escapa: - Lembra-te de quem

És! – E eu sou um pouco de cada um deles...

Por isso quando a lágrima furtiva da saudade

Escapa dos meus olhos, penso neles,

Penso na alegria das risadas,

Na Fé que me ensinaram com desvelo...

E que exemplo me deram com suas vidas!...

E que exemplo me passaram em suas mortes...

O meu mundo era tão lindo...

Penso então, é lindo ainda o meu mundo!

Ainda sou filha deste Rei-Menino...

As lembranças vivas de um passado que é tão longe

Fazem-se perto... Cada vitória minha,

Ofereço ao Pai dos pobrezinhos

Que aprendi a amar em pequenina...

Quem vê no outro o irmão que Deus nos dá,

Jamais pode sentir-se tão sozinha...

E acabo juntando flores no avental

E distribuindo com beijos e carinhos...

- Lembra-te sempre de quem és filhinha!

Nós somos Filhas deste Rei-Menino...

Que Tudo pode e é Todo Poderoso

E conta conosco para repartir o Pão e as flores...

- Não desapontes Nosso Pai que é Amoroso!

E quando abro os olhos de manhã

Agradeço mais um dia acrescentado...

E sorrindo, pergunto ao Meu Rei:

- “Senhor: hoje... o que queres que eu faça?...”

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Nota: mais uma vez quero desculpar-me por não estar visitando meus amigos e amigas que hoja fazem parte de minha vida! Tenho corrido muito! Mas, breve (espero!) tudo voltará a ser como antes, e me farei presente com leituras, beijos e comentários! Até...

ESPERANÇA
Enviado por ESPERANÇA em 30/07/2009
Código do texto: T1727875
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