Deslizo minhas mãos
Pelos tecidos suaves da manha
Contemplo o imponderável sentido de existir
Nas pequenas aleluias que se amontoam aos milhares
Sob os raios da luz
Seu mundo tão delicado
Elas que são tão breves, tão frágeis
Um sopro de vida apenas
Na condescendência do tempo
Nem sempre generoso
Elas são cupins
Que ganham asas antes de morrer
Mesmo assim elas parecem felizes
Em realizar o sonho
No minusculo espaço
Enquanto podem viver.
PS: Aleluias são as fêmeas do cupin que ganham asas, para aumentar a probabilidade de se acasalarem e assim perpetuar a espécie e logo depois morrem. Experimentam a liberdade órgica, como deve ser a liberdade e pagam por isso um preço trágico.