PEDIDO
Apressa-te!
Veste o que primeiro lhe vier,
Mesmo que seja tecido vulgar,
E mude teu corpo na forma e de lugar.
Larga a louça na pia, liga outra hora pra tia,
Deixe a conta pra pagar.
Não, não comece uma história,
Os ponteiros da hora, padecem esperar...
por você!
Você que se esqueceu, naquela prateleira,
no meio do sofá, entre as almofadas,
naquele baú de fotos, fitas de vídeo e
cartões postais, para onde nunca foi...
você que pouco se importa, qual é o nome.
que se envenena de remédios. Se consome!
Em goles. Porres. Tragos. Lágrimas.
Apressa-te!
Mostre o teu segundo melhor sorriso,
Desde que guarde aquele primeiro,
Para o momento mágico do espelho,
Onde verás tua verdadeira imagem, como és;
e, para a coragem dos passos – siga os pés!
Diga um único sim...sem virar um copo de gim.
Para o esperado cafuné; pode ser café forte,
vela de sete dias, e muita...muita sorte!
E não se atreva a repetir:
“Só espero minha morte” – Pois vou rir...
Por você!
Você que a tudo olha. Perdoa. Cala.
Sangra. Goza. Magoa. Fala.
Quer parar de tirar o pó da sala?
Apressa-te!
Você (des)bonita. Visceral. Aflita.
E que evita avançar avenida adentro.
Vá ao centro da desajustada, louca, tarada.
Lá onde o diabo veste Prada e furadas meias.
Livre-se das teias! Da dor. Do morno calor...e,
Ora, por favor...
Saia já daí dos quintos,
Aperte os cintos...e vá decolar!