Janela escancarada
Abro minha alma que se descortina cenário afora
Carros, aviões, terra, mar e céu
Tudo isso é pouco para ela
Que se aventura por mundos e mundos
Abro minha alma e revelo coisas que não queria
Um grito abafado e surdo de tanta timidez
Uma beleza escondida à revelia
Que não ousava mostrar a ninguém
Abro minha alma e canto com Roberta Flack
Matando suavemente os fantasmas do passado
E louvando as dádivas que irei colher
A cada dia que passo e vivo em silêncio
Abro minha alma e a solidão me chama
Diz-me que devo sair por aí, me arriscar
Que nada fica do jeito que está por muito tempo
E que tudo se modifica a cada minuto e segundo
Abro minha alma e a janela da vida se apresenta
Linda e indomável, desafiando-me a ousar
Dou um sorriso e enfrento a fera
E liberto-me de todas as amarras que,
um dia, tentaram me segurar.
Poesia publicada no livro Viver: um jogo perigoso, de Márcio Martelli, Editora In House (2009)