Simplicidade
Perco-me em requintes de simplicidade
e dispenso tudo o que for vaidade...
Quero voltar a ter sonhos de criança
Pôr uma fita no cabelo, saltar à corda
Ir à escola, livremente, de sacola
Brincar, correr e até cair...
Mas nunca parar de sorrir!
Quero olhar o azul do céu
Ver as estrelas em constelações
Andar à chuva até me engripar
Construir castelos de areia
Entrançar o meu cabelo
Levar a vida sem complicações
Dar-me o direito de sair dos padrões
Simplesmente, trazer nos meus olhos
canteiros de esperança em vez de restolhos
Adorar as flores, respirar com elas
Mas, nunca colhê-las, deixá-las viver
Da vida extrair as coisas mais belas
No fundo, mesmo, o que eu queria
era que o sol brilhasse a cada dia
Que os homens fossem todos iguais
Que a vida fosse literatura
E a alma humana, simplesmente, pura.
Colectânea "Coisa Simples"
8º lugar no XXVIII Concurso Internacional Literário das Edições AG