Eu Te procuro
Eu te procuro como o rio busca o mar.
Te procuro nas areias da praia,
mesmo sabendo que esta procura é vã.
Te procuro nesse amaranhado de passos;
pois conheço os teus pés, a tua anatomia.
Te procuro nas flores,
mas os beija-flores são pioneiros,
e em seus vai-e-vem
sempre chegam primeiro...
Quem me dera ser tão ligeiro!
Te procuro nas poesias decoradas em exaustão.
Na minha excêntrica comunhão.
Te procuro em cada palavra cobiçada;
nas rimas e versos tocantes;
nos beijos apaixonados dos amantes;
Até parece que os poetas conhecem meu viver!
Tem longa intimidade com meu ser!
Te procuro no alísio que antecede a chuva,
o vento se vai, e fico a esperar.
Te procuro na tempestade,
nos fortes pingos que castigam o meu rosto;
misturados aos suores cansados e vertentes...
A chuva dá a sua trégua, e você não aparece...
Te procuro nas noites, em mais uma prece.
Te procuro no breu das luas minguantes;
nas claridades da lua cheia de saudades;
nos quartos crescentes de desejos;
e é atrás de boas novas que tanto espero.
Teimo em procurar-te,
E você insiste em esconder-se.
Somos iguais o sol e a lua,
quando um vem, o outro se vai...
Vou te esperar até o outro Eclipse Lunar;
e se nela você aparecer, saberei aproveitar
esses momentos de angústia e procuras.