Dor Fluente

Eu passarei, calado como as flores dos jequitibás.

Como os cantos, os abraços e as manhãs,

eu passarei, é certo;

como os sonhos da moça, sua virgindade

e sua canção inocente hei de passar, ai, sei.

E, se ou quando de mim se indagar,

alguém diga sim que passei,

mas que antes de passar me enterneci

com minha mãe, a amealhar sempre

para o breve enterro de Nonô,

velho e cansado e triste irmão

que lhe restou,

e com outros raros e dignos gestos

que entrevi na crua Humanidade.

Jô Siqueira Souza
Enviado por Jô Siqueira Souza em 22/03/2009
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