Guilhermina
Olha aquela casa
Aquela grama rasa
A menina está sorrindo
Nenhum gesto de farsa
Sua vida está sumindo
Seu cabelo está caindo
E ela ainda acha graça
Olha essa menina
Que se chama Guilhermina
Que tem sonhos a trilhar
Mas sonha na surdina
Pra mãe não chorar
E o pai não se decepcionar
Com os sonhos da pequenina
Seis meses, dizem os doutores
De gritos e dores
De esperanças limitadas
O quarto cheio de flores
Ameniza as pontadas
A profusão de cores
Conforta as fisgadas
Nada disso a entristece
Do contrário, a fortalece
Lhe dá ânimo a seguir
Dor não a esmorece
Só a faz progredir
Pensar em resistir
A persistência sempre cresce
Sonhos são como evaporação
Para quem não tem mãos de pote
Os obstáculos estão no chão
E ultrapassá-los não é questão de sorte
A bússola sempre aponta ao norte
E não será a simples morte
Que mudará essa definição