Poema desesperado
Quando não mais existir nada que valha a pena
Nem o torpor do dormir disfarce o que te condena
Quando não mais persistir a mão no barbeador
Quando até Deus se afastar em silêncio deixando-te a dor
Quando até tua consciência perder a batalha
Quando os bons momentos à memória te falha
Quando tua sombra deitar ao lado da tua cama
Quando nada te interessar nem quem tu amas
Quando precisares de amigos e te virarem as costas
Quando virares a mesa, mesmo ela estando posta
Lembras que tudo no mundo é contraditório
Viva tudo ao acaso e ame tudo que for transitório
Até a própria vida. Então verás que ainda tem saída
Um dia acabam esses tempos de corno
De amizades safadas e de mulher traída!