O enterro do Louco
Um louco um dia chorou. Chorou um choro de meia década. Chorou por que doía, latejava. Chorou pelas ironias dun-dun, os desencontros de grande calibre e as casualidades de hidrogênio. De sua vida. Fez a única coisa que ele foi feito para fazer. E ele chorou.
Sentia cada parte de seu corpo ranger, por que até mesmo seu corpo desejava chorar.
E suas lembranças também vieram, e choraram. Ao ver a queda de seu senhor.
Sua consciência, desistiu de ser vista por ele, assim como ele via o mundo, e se suicidou.
A música que era feliz, percebeu sua inutilidade e se transformou em agradecimento às odes!
E Lúcifer em pessoa, veio trazer de volta sua alma, pois ela desejava chorar pela última vez.
Os anjos um a um caiam, como se deus tivesse ido para o lugar de onde veio, e choravam aumentando o coro, até que eles desidratam e morreram.
O sol que estava feliz, mudou. Lançou um sorriso amarelo e intimou a Lua para tampar-lhe pois o Rei não precisa ver uma coisa daquelas.
A luz apagou-se, o fio de tungstênio da lampada queimou ate fundir e depois derreteu o vidro e eles pingaram. Gota a gota.
A própria realidade, finalmente cedeu, recuou, suicidou-se só para se tornar soluços.
(Deus ria, sadicamente)
E seu cachorro, que tudo via, direcionou-lhe um olhar de dó.