O enterro do Louco

Um louco um dia chorou. Chorou um choro de meia década. Chorou por que doía, latejava. Chorou pelas ironias dun-dun, os desencontros de grande calibre e as casualidades de hidrogênio. De sua vida. Fez a única coisa que ele foi feito para fazer. E ele chorou.

Sentia cada parte de seu corpo ranger, por que até mesmo seu corpo desejava chorar.

E suas lembranças também vieram, e choraram. Ao ver a queda de seu senhor.

Sua consciência, desistiu de ser vista por ele, assim como ele via o mundo, e se suicidou.

A música que era feliz, percebeu sua inutilidade e se transformou em agradecimento às odes!

E Lúcifer em pessoa, veio trazer de volta sua alma, pois ela desejava chorar pela última vez.

Os anjos um a um caiam, como se deus tivesse ido para o lugar de onde veio, e choravam aumentando o coro, até que eles desidratam e morreram.

O sol que estava feliz, mudou. Lançou um sorriso amarelo e intimou a Lua para tampar-lhe pois o Rei não precisa ver uma coisa daquelas.

A luz apagou-se, o fio de tungstênio da lampada queimou ate fundir e depois derreteu o vidro e eles pingaram. Gota a gota.

A própria realidade, finalmente cedeu, recuou, suicidou-se só para se tornar soluços.

(Deus ria, sadicamente)

E seu cachorro, que tudo via, direcionou-lhe um olhar de dó.

Paxe
Enviado por Paxe em 06/03/2009
Reeditado em 12/05/2011
Código do texto: T1472879
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