Flores Brancas
Enfim uma sombra
Sempre adorei esta figueira
Vinha aqui com meus pais quando pequeno
Para ver a cidade aqui de cima.
Não entendia porque um local
Tão bem localizado estava vazio
Só existem túmulos e ossos
Nunca escutei ninguém conversando
Ou reclamando, muito menos torcendo pelo meu time.
Haja paciência com todo este silêncio
E como é mal cuidado, tantos donos e poucos
Lavam, limpam ou remodelam as moradias.
Talvez porque é dinheiro jogado fora.
Hoje observei uma flor branca
Colocada em um vaso de areia
Ela era perfumada tanto quanto bela
Ainda estava viva eu a sentia respirar
Pensei, para cobrirem os seus mortos.
Fazem-se as homenagens com novas mortes
A flor foi cortada quase rente ao caule
Ficou somente a seiva escorrendo
E o jardim ficou órfão de mais uma vida
E o cemitério com mais uma morte
E o jardim ficou mais espaçoso
E o cemitério com mais uma linda flor
Pensei, para abençoarem seus entes queridos falecidos.
Fazem-se as homenagens com os símbolos de vida
A flor foi desbastada com carinho sem danificar a planta mãe
Ficou somente um espaço vazio
Hoje observei uma flor branca
Colocada em um vaso de areia
Ela era perfumada tanto quanto bela
Sua beleza e seu perfume eram encantadores
E como é bem cuidada, tantos donos
E poucos têm tempo disponível para limpar
Lavar ou remodelar as moradias
Talvez porque tempo é dinheiro
Escuto muitas vozes falando alto e bem
Mas percebo um sorriso desdenhoso escondido na alma
Eles não ligam, Eles não voltam.
Haja paciência com todo este conformismo
Não entendo porque um local
Tão bem localizado está tão cheio
Não existe quase local para sentar
Enfim uma sombra
Sempre adorei esta figueira
Ainda venho aqui com meus pais
Para ver a cidade aqui de cima
Enquanto eles conversam com nossos parentes falecidos
Eu fico olhando ao redor escolhendo um lugar melhor para sentar.
Mas... Aquela flor branca, bela e perfumada continua ali, ela não estava morrendo?