INSPIRAÇÃO

De onde vens, o que trazes em tua bagagem?

Sei que além de paz, algo mais portas.

Diga-me, respondas para que vens?

Tua falta é colhida dia após dia.

Fala-me do que és feita; de ouro?

Sob tua imagem criada por mim,

aqui nos silêncios, existem pedestais.

Mas, ainda te perscruto em descoberto;

o que fazes que não vens constantemente?

Ah, perambulas em outros interiores,

despindo-te de tudo, transgredindo as leis,

fazendo com que existam antagonistas.

Sempre clamo por ti, tocante e viçosa,

almejando tê-la, conter-te reclusa... só para mim.

Mas, diga-me, de onde vens?

Preciso saber onde vives, onde ficas;

talvez nas masmorras, ou mesmo em castelos medievais.

Ah, doce mistério; habitas moradias

segregadas pelo silêncio,

fixa-te em inúmeros interiores indesvendáveis.

És a paz, o silêncio, o segredo,

motivos de uns, alimentos de outros;

se fores semeada serás colhida.

Fostes e para sempre o serás,

a razão de tanta paz.

E neste peito, mesmo sem saber de onde vens,

és a própria vida.