AH SE DEUS ME OUVISSE

Ah se eu pudesse

E se Deus assim permitisse

Eu vincava um fiapo de luz

No cós da noite escura.

Não é pra nada não

É somente para que ela percebesse

Que mesmo não sendo seu feitio

É bom apenas por um momento

Ser ao menos um pouquinho bom.

Pudera eu ter o poder de puder

Catar um grão que fosse

De escuridão da noite sem lua

E no meio do raio do rei pusesse

Não é pra nada não

Apenas para que o seu reino

Por um instante só reverenciasse

À súdita terra sofrida

E se ostentasse na dose certa

Ante a terra sedenta sem vida

Ah se Margarida em flor pudesse

E se a margarida flor assentisse

Ela despetalar o mal-me-quer

E que ao léu fosse lançado

E o bem-me-quer dele apiedasse.

Não é por nada não

É apenas para que ele sentisse

O quanto dói fazer doer

Um coração desprezado

De uma cinderela sem seda

Ah se Deus me ouvisse

E a minha prece atendesse

Que a mim fosse concedido

O dom do artista divino

Não é pra nada não

É pra que minha mão dominasse

O pincel mágico do meu peito

E com jeito pudesse usar

A brancura da tinta da paz

Para apagar o vermelho da guerra.

Ah se eu pudesse e se Deus me ouvisse...

Fortaleza, 15 de fevereiro de 2009

Vilson Caraíbas
Enviado por Vilson Caraíbas em 21/02/2009
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