meros palpites
se eu fosse estudar medicina
não sei que homem que seria
não sei se o contacto com a morte
mais vida me concederia
não sei como reagiria
diante de muita tristeza
se eu fosse um advogado
acho que conseguiria
me imaginar um Xangô
mas certamente sofreria
em não poder com a injustiça
o tanto que desejaria
se eu fosse um militar
ditava só normas e regras
depois de pijama exibia
as soluções pro país
achando que não haveria
melhores que as que formulei
não sei se já me imaginei
como um abastado político
senhor de alguns eleitores
(e alguns milhões de hectares)
que nunca sabem em quem votam
é claro que eu tudo faria
pra que não perdesse o cargo
nunca pensei no encargo
de obrigações religiosas
nem sei se os fiéis me ouviriam
as preces tão lamuriosas
que eu não dedicasse a eles
mas à minha vida sem fé
mas sigo contente e feliz
não sei se foi o que eu quis
porém me dou bem com o que faço
às vezes eu fujo do laço
da vida quando ela permite
ou quando ela não dá palpite
Rio, 25/07/2007