Brilho do anoitecer (rodrigo santos)

Brilho ao amanhacer

Faz meu coração,

Que por sinal é cheio

de supérfluos, esvaecer.

Desvairado, triste,

Inocente, alegre,

Malicioso, incontente,

Confuso, sábio,

Só, estúpido,

Correto, ilegal,

Ou até mesmo imoral...

Eis-me aqui,

Coberto com uma camada,

Feita pelo mais doce e puro mel,

Junto com o impuro e amargo fel.

Todos são sinônimos:

Esquerda, direita

Frente, verso

Pretérito, futuro

Sobre a água, submerso

O que seria do bem sem o mal?

Um necessita do outro,

Como o homem do animal.

Escuridão do anoitecer,

Hoje a noite não tem luar,

Será que com a imensidão do espaço

Também existam seres incapazes de amar?

Uso uma máscara,

Bela fantasia nas noites

Árdidas e quentes de verão.

Mas não vivo coberto,

Adoro me mostrar desnudo

Quando chegam as madrugadas

Frias e pálidas do inverno.

Quem sou eu?

Qual meu propósito aqui,

Junto com pessoas tão

diferentes de mim?

Será esse o meu carma?

Achar respostas e soluções?

Enquanto você aí lendo,

Continua acomodado com

propóstas e obrigações.