Casinha no Mato
Queria viver numa casinha
Simples e rústica de madeira...
Não me importaria se sozinha,
Nesta casinha eu seria inteira.
Queria ela bem no meio do mato assim:
Cercada de árvores que ninguém corta...
Queria de um lado um belo jardim,
Do outro uma bela horta.
No jardim eu teria todas as flores coloridas...
Amor-Perfeito, Violeta, Tulipa e Jasmim...
Na horta verduras, legumes e ervas preferidas...
Salsa, Manjericão, Hortelã e Alecrim...
Queria uma lareira de pedra com chaminé...
E em frente um tapete de barbante...
Uma prateleira cheia de livros em pé...
E uma cortina de Voil, alva e elegante...
Queria um fogão à lenha antigo,
E uma mesa feita de um tronco largo...
Sozinha, mas a paz estaria comigo...
Tomando um café bem doce e meio amargo...
Colocaria sobre a mesa uma toalha xadrez
Sobre ela um bolo, biscoito e chocolate quente...
Uma torta de maçã também teria vez,
O cheiro do forno até lá fora se sente...
Queria de frente para minha varanda
Um lago ou um rio constante a correr...
E em volta flores de lavanda,
Para com o perfume na grama adormecer.
Eu queria um banco e uma rede rústica
Para contemplar as tardes e suas belezas...
Ouviria na Natureza doce música,
E admiraria suas grandezas...
Ali eu faria crochê, faria uma colcha com bordado...
Escreveria, sonharia... Esperaria chegar o amor...
Vestiria um vestido simples e estampado,
E uma trança no ombro com laço de qualquer cor...
[Eu queria poder ver outra casinha de minha janela
É do meu vizinho, um poeta chamado Hassin...
Sua casinha parece com a minha e é mui bela,
De lá ele às vezes acena, ou traz mais flores pra mim...]*
Veria meus filhos atrás de grilos e borboletas...
Veria-os nadando ou passeando de canoa...
Ou no balanço na árvore ou na grama em piruetas...
Ouvindo seus risos cantaria uma vida tão boa...
Eu queria e o cenário nunca seria igual...
Cada estação traria seu encanto...
Minha vida jamais seria normal...
Pois seria eu mesma num doce recanto.
São Paulo, 24 de Janeiro de 2009.
[]* Enxergando a casinha de meu irmão e amigo.