DA TEMPESTADE A BONANÇA
DA TEMPESTADE A BONANÇA
Autor José Mauro Cândido Mendes
Meu avô já dizia com muita autoridade
Outono quando chega é só felicidade
Há séculos se comemora com muita festividade,
a chegada do Outono junto à comunidade
é gente a empunhar na lida no campo
sua enxada na mão
e outros com a caneta à luta na cidade
Na estiagem da chuva
deixa na estrada
rastro de poeira e a dor da saudade
Na incerteza do universo
passa tempo, gira terra
surge a nova estação encantadora,
inspiração dos poetas à suas artes
são chuvas de março a fechar o Verão
é a enchente de São José
a regar o chão
Uivam os ventos
balançam folhagens
caem as folhas lentamente
num espetáculo suspenso no ar
Na brisa amena que sopra
campinas e colinas
ecos dos ventos assoviam alegres cânticos melodiosos,
ao voar dos pássaros
Aves saltitantes,
a felicitar fascinantes
a inebriante metamorfose
da natureza.
Bendita seja tua chegada!
Outono tão esperado
Pura emoção
Simbiose das estações,
desafias as intempéries
Outono de transformações,
a esmagar engrenagens das épocas
Pranteia num canto como candeia,
a ousar quebrar
a obscuridade das trevas
Salve a luz, luz nossa que reluz!
Em prelúdio
novo ciclo se inicia
renova a cada trimestre
esperança
prosperidade
e alegria!
Por que há força no Outono?
Porque é a própria força do tempo
Haverá indagações?
Vislumbrará alguém?
Quebrar-se-á o misticismo do Outono?
Jamais como um sapato velho,
surrado num canto esquecido.
Ou será...
Homem que envelhece
e perde suas forças?
Prepara-se
nutre-se de energia
com a seiva - néctar que alimentará
o ciclo do frio que virá
acolher a nova estação
na forragem segura –cama de ninar!
Oxalá gerações futuro possa
contar, cantar e comemorar
a repetição cíclica das estações
Que o Outono possa vir sempre
na doce bonança
após a tempestade que se dissipou
Decorridas décadas da
narração de meu avô
episódios se repetem
e são vivenciados a cada ano
sempre na chegada do Outono
Consola-nos muito vermos
quão viva e contínua
são suas tradições
em rituais que se perpetuam
O Outono traz no bojo
fantástico espetáculo vivo
Mudam-se os calendários
viram-se páginas do tempo
Permanecem usos e costumes do povo
nessa magia que conduz ao Outono
No escarlate céu do horizonte
rompe aurora em silêncio
rugem os bichos lá na mata
roncam motores sem escrúpulos
na cidade que ainda não dormiu!