A Fresta da Ilusão
Havia uma fresta
por onde entrava a inocência
Entrava a confiança
E a esperança de transformação.
Um dia a fresta dilatou
Suas bordas não suportaram
E um grande buraco se formou.
Este buraco
Ainda deixa entrar
Mas o que ali adentra
Não consegue se fixar.
Procura refúgio nas paredes
onde tenta se agarrar
Debate-se, desespera-se
Grita/Chora/Esperneia
Parede Lisa
Tem que se conformar.
Este buraco que um dia
fora fresta, não poderia
assim retornar?
O que é passado não pode
voltar
Quem sabe, enchendo o buraco com zelo
em um furinho ele possa
metamorfosear?