BASTA DE MEIAS-MEDIDAS
Basta de meias-medidas
começo a transbordar, inutilmente.
Eu poderia escorrer devagar para um vaso,
molhar uma flor
Poderia lavar a poeira dum chão sujo
Poderia gotejar numa casa de calha velha
Suposições.
De repente eu não consto
Não estou em nenhuma lista
Ninguém se lembra de mim
Tudo que me cerca não me vê
Agora pouco constato
que eu não tenho função alguma
Por acaso eu me encontro
jogada num canto qualquer
Solidária, me estendo a mão
e começo a respirar com dificuldade
Mas que divórcio mais besta!
Que fiz por quanto tempo?
Quero, sim!
Tanto faz, nada!
Isto, isso, aquilo.
Basta de minar subterraneamente
Hoje eu vou sair de casa
para me comemorar!
(26/2/82)