Décima da Celebração

I

Celebrar a pureza da vida

No simples gesto

de um aperto de mão

II

Na repartição da comida

No auxílio ao infeliz

que caiu ao chão

III

Ao esquecer a corrida

Fazendo uma parada

na boa estação

IV

Depois dar nova partida

Perseguir a vitória

da justa ambição

V

Entregar-se à mão prometida

Saudar a felicidade

n´uma canção

VI

Festejar a vida intrometida

Na doce infância

dos filhos em criação

VII

Lamber as próprias feridas

Imitando a sabedoria

do amigo cão

VIII

Que recebe a fúria parida

E logo de atingido

te concede o perdão

IX

Reverenciar a mão estendida

Assimilando por sempre

a divina lição

X

Libertar a arte reprimida

Fazer do poema

a voz de uma geração