O que resta

Qual o verdadeiro sentido da vida?

Qual o verdadeiro objetivo da vida?

Lutar, chegar, perder, vencer ou reeguer?

Qual?

Quantas barreiras se enfrentam ao longo da vida?

Quantas lágrimas de dor teremos que chorar ainda mais?

Quantos caminhos ainda iremos percorrer sozinhos?

Quantos?

Não há como se precisar nada na vida.

Nada!

Quanto tempo se vive,

quanto tempo se espera,

quanto tempo se deixa morrer.

Não há.

Não houve e nem haverá.

O que resta, além da certeza da morte,

é lutar pela vida.

É sonhar um sonho nunca sonhado.

É dar um abraço nunca antes abraçado.

É respirar o ar da certeza de que na vida

nada será mais doloroso do que nada poder fazer.

O que resta, além da certeza da decepção,

é acreditar na vida.

É viver intensamente cada vão momento.

É se doar para as pessoas esperando nada em troca.

É olhar para frente e ver o belo passado,

que com muito esforço, foi construído por você.

O que resta, além da certeza de que existe um Deus,

em algum lugar, dentro de alguém, longe ou perto,

piedoso ou cruel, manso ou bruto, grande ou pequeno,

carnal ou espiritual, vivo ou morto,

é amar a vida.

É aceitar o que foi posto no seu caminho.

É rir sempre e acreditar que há alguém esperando por ti.

É saber dividir os amores com quem não se sabe.

É poder ver tudo e todos, como um só ser,

que assim como você, esperam algo desta vida.

Que é ao mesmo tempo: chegadas e despedidas,

vitórias e derrotas, erros e acertos, sonhos e pesadelos.

Vida e morte.

O que me resta, além da certeza de que alguém sempre,

mesmo que eu não saiba, chorará meu pranto

e carregará meu doloroso fardo pelo árduo caminho da vida,

é a certeza, de que, dentro de mim,

existe um alguém que luta.

Existe um alguém que acredita.

E existe um alguém que ama.

*** Poema escrito após ter lido o comentário do escritor entusiasta "Fei" (http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=48256), ao meu texto "Para quem quiser ler (Desabafo de um escritor triste)". As palavras, que por ele foram postas, me tocou de tal forma que tive a necessidade de escrever este poema. Espero que tenham gostado!