Chega!

Chega de brilho no olhar

De lágrima a rolar

Chega de sofrer

De viver pequenos tempos

É hora de inteireza,

De nobreza de sentimentos

Chega do erótico, vulgar!

Chega da timidez mercenária

Da falta de decoro...

Chega de momentos obscenos

De nobre pobre

De desejo vil.

Chega do fluxo

Quando o refluxo é carne

Chega do passado

O hoje é celular

É pressa,

É divagar!

Chega de gramática, de acento

Chega de língua, cuspe, palavraõ

Chega de perguntas tolas, de começos

O que importa é o tesão.

Tesão pela reflexão,

A filosofia cotidiana,

A ignorância das massas,

O tempo que passa...

Chega!

Chega!

Chega dessa vida que apenas ameaça,

Eu fico aqui pensando em você,

Nesta tua ausência tão sem graça

Chega da ironia, da tola letargia,

Essa poesia infinita, que nem é comida pela traça.