SOU NORMAL
Não tem jeito vou morrer boba
Tudo me encanta, sensibiliza
E também revolta
Não paro quieta nesta selva
Procuro coisas belas em tudo que vejo
Do amanhecer ao anoitecer
Muitas encontro
E me fazem arrefecer... Enternecer
O menino no semáforo
Limpa o vidro do carro
Recebe um trocado
E agradece escondido
É tão bonito
Minha hortelã que sobrevive
Mesmo me esquecendo dela
Sou ela
O mar tão agredido
Sofrendo, suplicando um alívio
E mesmo assim tão lindo
O sorriso de minha filha,
A cada manhã, meigo e belo,
Sou dela
As minhas mãos
Cansadas que não param
E os meus cabelos brancos coloridos
Acho o máximo
A minha cara... O meu sorriso...
Eu gosto, acho sensacional
Por vezes não, isto é natural
Será que sou normal?