Voa, Arara, Voa!
Voa ‘gora p’ra longe...
Arara meiga – voa!
Fuja da paixão doida
Que em mim inda ecoa.
Voa, pois, p’r’o sul ou norte
Arara imaculada – os céus
Dar-te-ão leveza e graça...
Eu... provaria os lábios teus...
Voa, sim!... e voa logo
Arara formosa – me dói
Sem blandícia a visão tua...
Alma se esvai... coração se destrói!
Voa! e não me olhe de cima
Arara altiva – estrela
Fulgente que o peito agita
A um suspiro... uma piscadela...
Voa! e não me tenha piedade
Arara bela – ser-me-ia
Custoso à empáfia vê-la
Apiedada por mim... se seria!
Voa! livra-te de tua aflição
Arara cerúlea – esqueça
Teu ninho inculto!... que
Outro no lenitivo seio lhe floresça!
Dedicado a Lia.