O ANOITECER DA VIDA

A gente vai seguindo passo a passo,

Pelo alvorecer da existência,

E, cegado pelos sonhos, não percebe

Que o sol das energias vai descendo

No horizonte dos dias que se foram.

Quando despertamos à realidade,

O entardecer vem chegando,

As cores vão ficando menos vivas,

E o caminho torna-se menos fácil com as pedras

Das responsabilidades assumidas.

Nossos passos já não são tão firmes na luta,

O rosto vai vincando-se com as preocupações

E a vista já não alcança, com nitidez,

As longas distâncias almejadas.

Nossos sonhos se banham na incerteza,

Do "pode ou não" se realizarem.

Os filhos já crescidos,

Os netos chegando

E a luta se intensificando.

Nossas quimeras transformaram-se em inquietações

E essas inquietações aceleram nossos passos

Em direção à noite que vem se aproximando.

Ficamos apavorados sem o brilho do sol,

Pensando na solidão que poderá surgir,

Com o distanciar daqueles que nos cercam,

Para buscarem seus rumos.

Por que sofrermos, se a noite também traz tantas belezas?

Por que, se as estrelas da nossa experiência

Podem evitar a queda de muitos

Que ainda se banham à luz do sol?

Se o luar da nossa vivência pode ser visto

Por aqueles que ainda não conhecem o inevitável chegar do fim do dia?

Não há o que temermos:

Se dispensamos a nossa atenção á outros,

Não conheceremos a solidão;

E se soubemos amar a todos,

Jamais deixaremos de ser amados.

Ninguém deve temer o anoitecer da existência,

Se, no decorrer da vida, conseguiu adquirir a lanterna da compreensão e da fé,

Para vencer a escuridão do envelhecer,

CONSCIENTE DE QUE VAI CHEGAR AO "FIM - REINÍCIO" SEM SE PERDER NO CAMINHO.

Sá de Freitas
Enviado por Sá de Freitas em 31/10/2008
Código do texto: T1257539