BORBOLETA NA JANELA


Acostumei-me com minha dor, e reclamar,
Já não mais ouso, pois seria reclamar em vão.
Meu castelo de areia, minha antiga solidão...
E os problemas que insistem em me rodear.

No vasto mar de pessoas enxergo a desilusão,
Que ronda suas almas dia-a-dia, bem devagar...
E quando menos se espera, foi-se um coração,
Foi-se uma vida, um sonho... Desfez-se um lar!

Não quero ser pessimista, tão pouco profetizar,
Que neste mundo de gente egoísta, nem um grão
Há de conseguir, em terra tão fria e maldita brotar.
E por causa destes individualistas muitos fenecerão.

Sou animal arisco, não quero desta corja participar.
Só o que vejo é injustiça, maldade e vil distorção,
De uma gente tão covarde, indisposta até para amar.
Mas Deus há de achar, para esta bagunça, solução.

Porque Deus ama com fervor e devoção os infelizes,
E para com eles têm infinita e sublime compaixão.
Há de tirar destes espíritos corrompidos os vernizes,
Que cobrem suas almas, há muito em corrosão.

Hoje vi uma borboleta maravilhosa em minha janela
Era multicolorida, tão linda, viva, intensa... Divina!
Trouxe-me tanta inspiração, deu-me versos e rima...
E foi então que percebi: uma lagarta feia antes era ela!