RASGASTES
Rasgastes meu coração.
Em tiras o deixaste.
E ele coitado ficou como trapo desfraldado.
Balançando ao vento.
Vinha uma luz e o beijava.
E ele um pouco se animava.
Mas logo desanimava.
A luz chegava e o abandonava.
Vieram manhãs e tardes.
Vieram noites.
Frias, vazias.
E meu coração ali dependurado.
Querendo ser consertado.
Temendo outras dores como no passado.
O tempo tem este dom de tudo ir consertando.
Vejo muitas vezes meu coração cantando.
Por uma luz que insiste em continuar beijando-o.
A luz do teu olhar.