GRAAL PARA BEBER ...

«Fender as cadeias da alma e com o ferro

fazer um Graal para beber, alegres, o vinho

dos amores impossíveis.»

Poeta Galega, «CARTA A... IV», publicada

no RdL em 21/09/2008.- Código do texto:

T1189418.

Sonhemos que voamos sobre as serras

do Zebreiro, onde sem dúvida

se acha o Graal verdadeiro, porque lá

foi que o Artur, o rei de mágicos luares,

edificou palácios e harmonias...

Talvez fosse

Artur ou talvez os deuses celtas, comandados

por Lug, o brilhante, e Griam, deusa

ambipolar da Terra e do Fogo, como Genevra

o foi do Esposo e do Amante Lançarote...

É por isso que o ferro desta Idade triste

em que a Galiza está agrilhoada,

deva ser, por alquimia de luar mágico,

mudado em ouro de esperanças azuis

e verdes, como os oceanos, e vermelhas

como são os universos todos

onde as estrelas habitam temerosas de se tornarem

sóis abrasadores...

Sei que preferem

continuar sendo faíscas dos vinhos espessos,

fortes e inexplicáveis, do universo;

alegria e amor que, por impossível, tem de sempre ser

procurado com as forças virgens e ardorosas

de coração deleitoso e de boca sensual.