POEMAS DA TRANSFORMAÇÃO
Ultimamente tudo o que tenho escrito,
não é lá grande coisa,
são apenas poemas da transformação,
quando é morto o mito
e o ciclo, automaticamente, recomeça.
Eles não precisam ser lidos,
se não fossem escritos,
não mudaria nada.
No entanto, como tal o foram
e, também como tal, instauram uma realidade:
testemunhas da presença da existência,
cúmplices do lapso divino,
que provoca a dor do ser,
mas também, como contragolpe da relatividade,
através da angústia libera a fala.
Fica no ar o cheiro de doença,
escorre pelo membro mutilado
a seiva regeneradora,
o que não justifica,
pelo contrário, agrava
o ato.