PROFECIA PATERNA

Por mim, as grandes imprescimbilidades se tornariam desnecessárias;

E o mundo superaria suas falhas, voltando a ser mundo;

Crianças não sofreriam nem por um segundo, o poder não pertenceria aos canalhas;

Eu cortaria as ambições ao fio das navalhas e salvaria esse sistema moribundo!

Não com a santidade que nem tenho, mas com a indignação que me transborda;

Mesmo eu sendo único e eles sendo horda, eu jamais me renderia;

Porque no fim despertaria esse sono coletivo que nunca acorda;

E lhes tiraria do pescoço a corda, que todos os dias lhes asfixia!

Eu queimaria em praça pública todas as cédulas de opressão;

Ensinaria o inimigo a ser irmão, transformaria privilégios em direitos;

O rio correria em paz por seus leitos, diplomas valeriam menos que um coração;

E a ração dos oprimidos daria lugar à mesa farta dos satisfeitos!

Eu posso mudar o mundo, e saibam todos que não vou desistir;

Porque mesmo que eu me vá, meu filho estará aqui, com minha espada por herança;

Hoje é apenas uma criança, amanhã sucederá meu inquietante sentir;

Porque nele há de se cumprir, o que hoje me arde como esperança!

Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 06/09/2008
Reeditado em 10/09/2008
Código do texto: T1165134
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