PROFECIA PATERNA
Por mim, as grandes imprescimbilidades se tornariam desnecessárias;
E o mundo superaria suas falhas, voltando a ser mundo;
Crianças não sofreriam nem por um segundo, o poder não pertenceria aos canalhas;
Eu cortaria as ambições ao fio das navalhas e salvaria esse sistema moribundo!
Não com a santidade que nem tenho, mas com a indignação que me transborda;
Mesmo eu sendo único e eles sendo horda, eu jamais me renderia;
Porque no fim despertaria esse sono coletivo que nunca acorda;
E lhes tiraria do pescoço a corda, que todos os dias lhes asfixia!
Eu queimaria em praça pública todas as cédulas de opressão;
Ensinaria o inimigo a ser irmão, transformaria privilégios em direitos;
O rio correria em paz por seus leitos, diplomas valeriam menos que um coração;
E a ração dos oprimidos daria lugar à mesa farta dos satisfeitos!
Eu posso mudar o mundo, e saibam todos que não vou desistir;
Porque mesmo que eu me vá, meu filho estará aqui, com minha espada por herança;
Hoje é apenas uma criança, amanhã sucederá meu inquietante sentir;
Porque nele há de se cumprir, o que hoje me arde como esperança!