Duas vidas silenciosas

E ele continua lá,

estático,

imóvel,

impenetrável,

desconfiável.

Demonstra algo

que ninguém vê,

onde não há lápis,

onde não há sino,

existe timidez,

medo do avião,

lhe faz bater o coração,

“canhão silencioso do sol”

luz fraca da obscuridade.

É um ambulante,

dentro do seu mundo,

pode despertar

a qualquer instante,

disse um anjo,

puro e santo,

recém-chegado,

embora terapêutico

não tem maldade.

E o cansaço

desacreditado,

atordoado,

pensa que o mundo

deve lhe exigir

o silêncio como resposta.

Mas em debate, debate

e não pode

e diz em “palmas imensas

que sobem dos seus caules ocultos.”

O coração apruma

em não conformidade,

e diz com veracidade:

“na atmosfera descolorida

a minha madrugada desbota

uma pirâmide quebra o horizonte.”

Horizonte dos ideais,

agargantados e silenciosos,

afincados em sacrilégios

na busca desta desobsessão.

Ideais,

que monumentam

a paisagem de duas,

duas vidas instrumentais,

analisadas, passadas,

retrógradas, autorizadas.

E lá em cima...

Lá em cima existe...

a palma da mão da montanha,

o círculo arquitetônico de passos,

o silêncio dourado do sol,

de uma eterna cumplicidade,

de uma simplicidade divina,

embora silenciosa...

Poesia publicada no site www.anjosdebarro.com.br

Silvânia Mendonça Almeida Margarida - 17.07.95

Silvania Mendonça
Enviado por Silvania Mendonça em 05/09/2008
Reeditado em 09/01/2010
Código do texto: T1163690
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