amor inutil

Ele escrevia sonhando ainda terem palavras,

ela descia degrau a degrau a escada mais ampla.

Nenhum deles tinha fim.

Porque ele perdeu o interesse de resgatar

do oceano gráficas

e ela nem pensava quanto mais abaixo

um limite há chegar para inventar um outro lançe

- Come esses signos

que desgraça, que desgraça,

- ele dizia tomado louco, lapela amando,

com a visão pendurada no tecto a edificar

longe, longe... a três ruas da imensidão

o cérebro abandonado, que ela queria deitar, por riba.

Escrevia sonhando ainda terem palavras

e um papel em branco falava assim não ser,

como ela descia uma noite que traz outra

ao pesado reflexo da lua em sol perceber

de ele não ter uma língua para explicar-se

de ela não existir tão sequer para medrar

de nenhures dos presentes importa-se com essa morte.

Umas letras a mais ou a menos a quem demo importar vão?.

Ele sofre por uma língua que perdeu seus direitos,

ela morre por que ninguém opina que deveria existir

ambos, penso eu, pensa a gente

são uns perfeitos idiotas...