boca de estrada

pele não cansa

de ser alisada,

pele não cansa

de ser curtida

e, ressequida

na boca da estrada,

se mais usada,

mais atrevida

pele duvida

da madrugada,

mas nunca pede

perdão ou guarida

e, se ferida,

não fica magoada

ou apavorada

por não ter saída

pele vencida,

se desarmada,

se vê obrigada

a ser consumida,

e nas barracas

da boca da estrada,

ele é comprada

ou oferecida

mesmo que a pele

não seja tratada

com o carinho

que a faz merecida,

sem pele a gente

não seria nada,

pois ela reveste

não só uma vida,

mas toda a idéia

que for concebida

e se for esquecida

na boca da estrada,

a gente ali perde

o ponto de partida,

tal como a tristeza

que sofre sem ter

o calor da noite

pra estar aquecida...

Rio, 30/07/2008

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 30/07/2008
Reeditado em 31/07/2008
Código do texto: T1104745
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.