NOSTALGIA

No fim de tudo

esta nostalgia,

esse medo de não sei quê

que me apavora,

misteriosa saudade

de coisas não vividas,

remorso pelas trilhas andadas.

Como teria sido

se não fosse como foi?

Ingente busca de reparos

no carrilhão enferrujado do tempo.

Carrego o ônus absoluto

da culpa e da desilusão,

não me alivia a angústia

a misericórdia no olhar dos circunstantes.

Onde se escondeu o rastro verde

da ansiada esperança?

Como extrair-me à mente enfadada

os trôpegos vestígios

da consciência das realizações?

Quem me guardará

a inconsistente lembrança

quando o tempo desdisser

o cerne das expectativas?

O dia amanheceu choroso,

grossas bagas de chuva

entulharam os caminhos

dos burocratas retardatários.

A cara de choro do tempo,

talvez, pôs-me assim

tão desajustado com a beleza da manhã

congestionando-me de perguntas.

Edmilson da Silva
Enviado por Edmilson da Silva em 23/07/2008
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