NOSTALGIA
No fim de tudo
esta nostalgia,
esse medo de não sei quê
que me apavora,
misteriosa saudade
de coisas não vividas,
remorso pelas trilhas andadas.
Como teria sido
se não fosse como foi?
Ingente busca de reparos
no carrilhão enferrujado do tempo.
Carrego o ônus absoluto
da culpa e da desilusão,
não me alivia a angústia
a misericórdia no olhar dos circunstantes.
Onde se escondeu o rastro verde
da ansiada esperança?
Como extrair-me à mente enfadada
os trôpegos vestígios
da consciência das realizações?
Quem me guardará
a inconsistente lembrança
quando o tempo desdisser
o cerne das expectativas?
O dia amanheceu choroso,
grossas bagas de chuva
entulharam os caminhos
dos burocratas retardatários.
A cara de choro do tempo,
talvez, pôs-me assim
tão desajustado com a beleza da manhã
congestionando-me de perguntas.