A 3
não me arrependo,
sempre me arrependo
a linguajem fez um mundo
-disse-
os eruditos –falam-
os homens livres:
da tua mão
vamos ter como um outro Sinai
no desprezo
não quero morrer
nem dentro das tuas pernas quentes
ser limite
não me arrependo
e sempre me arrependo
de ter que ligar a teu cuidado chumbo
de não haver comido teus beiços
a sopa com colher
no prato de madeira
na cadeira final da igreja
cuspir-lhe ao padre na frente
nada nos desfaleceu
no oco aflito do coração valeiro
nem uma pomba nem uma leve plumagem
nem a língua deitada na sabia verdura dos mamilos
externos
tomando toda minha boca por finito
disse
os eruditos:
uma língua fez um mundo
e pouco sabem –eles- de paisagens coloridas
uma língua não tem rumo
se o povo que a fala renuncia
simplesmente foi sonido
é sem ele…. Estamos perdidos.