Além de mim
Somente por hoje
exibirei meu rosto
Eu vou sair de mim!
Livrar-me deste desgosto
Do marasmo deste lodo
Dessa desilusão sem fim
Vou sair e ver gente!
Cuja dor é imensa
Pode nem ter sentido:
nelas o sorriso é presente!
Pois, viver é um ato divino...
Eu sim sou incoerente!
Quem sabe esse câncer,
sem a menor chance
de uma vida normal...
Estimule a gratidão
pelo meu sofrimento
ser assim tão banal!
E aquela criança
na esquina faminta,
de carinho, roupa, comida
Desta vez, olharei pra ela,
ternamente, sem ignorância
perante suas mazelas...
Na calçada um corre-corre
Vejo gente estimulada
numa labuta honrada
Poucos ricos, muitos pobres
Problemas todos têm,
mas abraçaram a luta. Amém!
Meu olhar ainda alcança,
cores, risos, bichos, flores
Novos amores também...
Vida! Vida! Pequenos fatos
de muita esperança!
Saí da intolerância, fui além!