Sina de poeta

Morre um coração,

Nasce o poeta.

Dor que se destila,

Sangra em prosa e verso.

Ilusão que se dissipa

Faz-se matéria bruta;

Palavras entrelaçadas,

Verdade revestida

De dureza e calmaria.

Uma alma atormentada

Por demônios de absurdos.

De repente exorcizada.

Suas cruzes viram rimas,

Seus temores, uma arte.

Enclausura-se a tristeza

Na inércia de um papel.

Esse é o nosso jeito

De lidar com nosso inverno,

Transformá-lo em primavera,

De romper nossos casulos,

Destruir nossos infernos.

Nada é perda em nossas vidas,

Pra tudo, damos forma.

Nossas lágrimas são chuvas

Sobre as secas em desertos.

Nossas mortes são escolas

De ensinar literatura.

Morre um coração,

Nasce o poeta.

Willian Mota Melo.

Willian Mota Melo
Enviado por Willian Mota Melo em 09/07/2008
Código do texto: T1071943