Sina de poeta
Morre um coração,
Nasce o poeta.
Dor que se destila,
Sangra em prosa e verso.
Ilusão que se dissipa
Faz-se matéria bruta;
Palavras entrelaçadas,
Verdade revestida
De dureza e calmaria.
Uma alma atormentada
Por demônios de absurdos.
De repente exorcizada.
Suas cruzes viram rimas,
Seus temores, uma arte.
Enclausura-se a tristeza
Na inércia de um papel.
Esse é o nosso jeito
De lidar com nosso inverno,
Transformá-lo em primavera,
De romper nossos casulos,
Destruir nossos infernos.
Nada é perda em nossas vidas,
Pra tudo, damos forma.
Nossas lágrimas são chuvas
Sobre as secas em desertos.
Nossas mortes são escolas
De ensinar literatura.
Morre um coração,
Nasce o poeta.
Willian Mota Melo.