Eu não preciso rimar...
Eu não sei rimar...
Palavras doces não cabem em mim.
Sangram no papel frases ferinas.
Vestígios de carinhos que não esqueci
Eu não quero rimar...
Não vou usar palavras complexas.
Não vou camuflar o que se revela.
Vou gritar a dor do tempo que encerra.
Eu não vou rimar...
Porque é latente a angústia aqui dentro.
Porque vi meus sonhos lançados ao relento.
Porque o devaneio tomou dimensão.
Eu não posso rimar...
Se a inconstância ainda vive em mim.
Se a inquietude não me deixa ir.
Se tua voz ressoa sem cessar.
Eu não preciso rimar...
Existirá um sol aonde quero ir.
E o passado será recordação.
De tempos que o outono escorria nas mãos.
((junho.08))