versos meninos
botou a poesia de porre
os versos andavam soltos
desequilibrados, desmiolados
paravam em qualquer esquina
dispostos a desconversar
provocar uma altercaçãozinha
viam em cada menina
a bela Messalina
dos sonhos que mais ousaram
mas as meninas passavam
e eles desconversavam
trôpegos, ridículos
cocaína, não!
deveriam permanecer incólumes
questão de honra achar
que não precisavam usar
qualquer coisa que fosse
pra encontrar o efeito
mais genuíno e doce
ou o mais belo e perfeito
que contivesse o texto
nada mais forte que eles
que confiavam em seu taco
não que menosprezassem
aqueles que a droga usassem
mas não seria como eles
a bebida era o que bastava
compravam com facilidade
em qualquer mercado ou cidade
sem temer o ágio, o plágio
ou até mesmo o contágio
de algum polícia ou juiz
(melhor se de uma meretriz)
ou de organismos servis
pendurados no saco
do palhaço maior
que dirige o país
e eles perambulavam
de esquina em esquina
vendo em cada menina
o brilho da luz
a canção que seduz
a amargura que aflige
a ilusão que decora
e o romper da aurora
os deixou mais alegres
e mais desgovernados
porém não descansados
de querer encontrar
quem foi que os produziu
Rio, 18/06/2008