O PEREGRINO
A tarde desce suave.
Ao horizonte, o mar.
Os pés caminham na areia.
Os olhos a marejar.
Nuvens perpassam o céu.
As ondas a marolar.
Andando, como sem rumo,
O Peregrino a pensar.
A brisa toca-lhe o rosto,
O som e o cheiro do mar.
Conchas repousam na areia.
Os homens à beira mar.
O choro, dele, mais forte.
Forte, o rugido do mar.
O sol que já se declina.
Os passos a tropegar.
As ondas sempre constantes,
As pedras, põem-se a sulcar.
As dores e os sofrimentos,
O Peregrino, a moldar.
Os peixes se decompõem
Sobre a areia do mar.
Abutres comem os peixes.
Segue-se o curso do mar.
As ondas têm um caminho.
Nuvens caminham no ar.
Conchas, peixes, seu destino.
Nenhum deles, reclamar.
Do nascer do Igarapé;
Do rio que morre no mar;
Do voar da andorinha;
Todos eles a louvar.
Todos cumprem seu destino.
Nenhum deles, murmurar.
Só o Homem, ser divino,
Não se lembra de adorar.
"Os céus proclamam a glória de Deus,
e o firmamento anuncia as obras das suas mãos."
Salmo 19.1
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