ESPERANÇA (!)

Eu escrevo com a minha esperança

de que, ao escrever, altere a mim mesmo,

o meu pensamento, meu modo de agir...

Como mudar o mundo dos outros,

se eu não mudar o mundo em mim?...

Eu escrevo com a minha esperança

de que, ao escrever, altere a você,

o que você pensa, seu modo de ser...

Como mudar o meu próprio mundo,

sem desejar melhorar e crescer?...

Não faz sentido, nenhum sentido,

mas está encravado em meu coração

a minha esperança carrego no peito,

e a esse respeito, eu não abro mão:

que todos vivamos e sigamos juntos

é disso que falam os versos que escrevo.

Não fujo da morte, apenas me escondo,

e é a minha esperança que anula o meu medo.

Sei quão longa é a estrada, quão longa e difícil

e das pedras, buracos fatais, precipícios...

Mas minha é a Bandeira, o estand'ARTE carrego

por ter olhos de águia numa terra de cegos.

Ainda escrevo com a esperança

do poeta louco e do sonhador

que muda a si mesmo, que muda os outros,

que muda o mundo ao seu redor.

No dia em que eu desistir,

ou o mundo me mudou,

ou deixei de ser poeta,

ou então morrí...