O Lamento do Oceano
Sento-me à beira de uma estrada leve,
Com os olhos secos, com a chama da lembrança
esperançosa a iluminá-los, somente por hoje.
Junto-os e percebo que outrora foste tu,
demônio angelical, quem a mim tentou,
seu servo e pobre imortal.
Muito sofri por palavras que tua voz,
tuba noturna, sussurrou em meus ouvidos,
precipício profundo. Instalou ali o seu veneno
de dores em cores de todo mundo
Em suas mãos me encontro hoje,
amanhã, à hora da liberdade, estarei
longe num vagão de trem.
Apenas as luzes iluminarão meus olhos
e, a molhá-los com o luar, eu farei.