Noite de Medo
Noite de medo
Lady Foppa
A rua silenciou-me os passos e cessaram os ruídos da madrugada,
sem que eu tomasse consciência da densa névoa que turvou o meu olhar para o amanhecer.
Sinto-me traída pela lua que adormeceu mais cedo,
pelos anjos que esqueceram de acender as estrelas e pelos vaga-lumes que iluminam noites que não são minhas.
A ausência de luz muda formas ao meu redor,
já não decifro objetos do meu convívio.Tudo se confunde no emaranhado de sentimentos que a vida teceu.
Agarro-me a lembranças para não perder a noção do meu eu, me confundo entre indagações do que fui e do que sou, tentando me convencer do que serei.
Escolher é exercitar a sabedoria mas, ao mesmo tempo, é por em risco os sentimentos,jogar com a sorte, onde as vezes não há vencidos nem vencedores ,perdem todos.
A alma não concretiza, embora se empenhe na luta pela sobrevivência e, na busca da evolução, descubra enfraquecida, quão inútil foi o sacrifício ao qual se submeteu.
Lá fora, o vento assola meus fantasmas, verga minhas esperanças
submetendo-me a uma tensão que envolve minhas resoluções em conflitos, quase sem escolha.
Tudo inspira medo sem saída do caos que me assedia.
Na letargia decadente a noite instiga minha desistência e a covardia trava o fluxo de fé que me une à vida.
Timidamente, um fio de sol adentra pela fresta da janela e aquece meu coração, os precursores da derrota estão vencidos, minha essência se ilumina, amanheceu...Venci!