Confissões de um volúvel
Chamaram-me de volúvel... que ironia (ó Deus!),
ter vindo dos lábios seus esta acusação repetida até o cansaço.
Viu-me em triste embaraço
e deliciosamente riu então,
pois não acredita na constância do meu coração.
Duvida com teu gênio racional que qualquer sentimento possa me fazer prisioneiro
- ave que não sobrevive ao cativeiro.
Sei bem que sempre fui sujeito andante;
Parava um pouco, seguia adiante.
Esquecia o nome daqueles que me chamavam inutilmente,
enquanto eu continuava meu caminho, indiferente.
Cavalheiro nômade que jamais descansou.
Espírito vagante que jamais amou.
Confesso: ainda não me acostumei ao poema sádico do amor sedentário.
Temia criar raízes; vivia solitário.
Pobre coração que ao te ver cortou as asas.
Andarilho triunfante, acreditando (inocentemente) ter encontrado uma casa.