Confissões de um volúvel

Chamaram-me de volúvel... que ironia (ó Deus!),

ter vindo dos lábios seus esta acusação repetida até o cansaço.

Viu-me em triste embaraço

e deliciosamente riu então,

pois não acredita na constância do meu coração.

Duvida com teu gênio racional que qualquer sentimento possa me fazer prisioneiro

- ave que não sobrevive ao cativeiro.

Sei bem que sempre fui sujeito andante;

Parava um pouco, seguia adiante.

Esquecia o nome daqueles que me chamavam inutilmente,

enquanto eu continuava meu caminho, indiferente.

Cavalheiro nômade que jamais descansou.

Espírito vagante que jamais amou.

Confesso: ainda não me acostumei ao poema sádico do amor sedentário.

Temia criar raízes; vivia solitário.

Pobre coração que ao te ver cortou as asas.

Andarilho triunfante, acreditando (inocentemente) ter encontrado uma casa.

Larissa Lopes
Enviado por Larissa Lopes em 15/05/2008
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