Ó Mente Minha
Ó mente minha, como és cruel!
Se sabes que habito na terra ainda
Por que me deixas tocar o céu?
Para quê molhar meus lábios com águas que jamais beberei?
Apieda-te e mata-me antes de sede
Para que eu não veja a fonte à qual jamais chegarei
Esqueço-me de quem a meu lado existe
Aguardo ansiosamente na janela a vinda daqueles
Que só tu, ó mente minha, n’algum dia viste
Tu me levas a solos cujos caminhos desconheço
Iludo-me de que possa estar acordada,
Mas quando abro meus olhos... ai como pereço!
Não estava ontem em meus braços o dono do meu pensamento?
Hoje quando o busco, o procuro,
Tu ris de mim.. fora tudo teu invento
Embriagam-me os sonhos: já não vivo apenas penso
Crio minhas próprias verdades e mentiras
Para que cubram este vazio imenso