NORTADA DE SENTIMENTOS

Ao sentir que o tempo me foge na pele

Deixo cair o pensamento num fosso de razão

Parando o meu respirar no conforto de uma reflexão

Que não desmente o sentido sem prática que me adoece

As fantasias inóspitas que me enganam o ego

Sendo tocado por um vento frio de norte

Chegado numa nortada de sentimentos carentes

E desabrigados nos meus gemidos de socorro

Que me gelam o olhar com melancolias sóbrias

Quebrando-me a voz na alma embriagada de nada

Por vácuo de silêncio que exibo nas mãos

Mantendo-as estendidas a uma esperança ténue

Que ganha corpo no longínquo que me chama

Com chamamentos de um amor que não se apresenta

Nem a mim chega através de uma cortina de medos

Ao de leve absorvo uma paixão que bate á porta

Sinto-a como um chá bem quente de loucura

Um fervor percorre a todo o vapor o meu corpo

Vigorosamente desmaiado sobre um ninho de solidão

Onde evito lamentos e atiro-me em queda livre

Ao desconhecido que tão bem conheço

Tratando por tu os mistérios dos meus desejos

Após ter reflectido sinto-me perto de um sol verenal

E caminho pelo meu defeito por defeito de sempre

Em ilusões de uma guilhotina suspensa á minha espera

Baixada por desilusão que abraça o meu chegar até hoje