Pluralidade singular
Apresso-me e faço uma prece.
Não sei à quem,
Mas sei da minha fé
Na hora da dor.
Quem rezava de mãos postas,
Ajoelhado em clemência,
Agora vigia a decepção
Por ver-se singularmente abandonado,
Num mundo pluralizado de deuses.
Diversas verdades povoam os sóis;
Cada página sagrada,
De cada livro guardado,
Guarda aberrações supremas
Do criador do tempo.
Queimam nas chamas crepitantes
As vozes levantadas discordantes.
Expelem a descrença mística,
E a repulsa duradoura;
Que duvida a cada segundo,
A cada suspiro da lua,
Do delírio divino da luz!