No final...

No final é tudo sempre igual

As situações se repetem

Os dias se arrastam na mesma desordem perfeita

No final a rotina é sempre a mesma

A solidão é sempre um fato

Ao invés de uma opção

O mundo gira lentamente

As horas se arrastam por meses

De uma espera sem esperança e sem fim

De repente o céu negro desaba

Em ventanias brutas de lamentos úmidos

No final eu continuo o mesmo

No mesmo lugar

E vou vendo o dia passar

O ano acabar

A vida para os outros cantar

E para mim nada

É tudo sempre o mesmo

A mesma monotonia casual

Sem conceitos

Sem motivos

Eu olho em volta

E o que eu vejo?

O mesmo caos, a mesma vida.

Toda aquela gente sofrida

Que transitou pelo meu passado

E agora vai embora

Em uma memória ultrapassada

E agora vai

Para bem longe de mim

É tudo como sempre foi

Os mesmos minutos

Arrastando-se em lágrimas

Mas eu nem me lamento mais

Eu já me conformei

Aquietei-me

Debaixo dessa vida de ventanias

Onde no final só me resta respirar esse mormaço

Um abafo frio e mudo

Que nos consome por fora

Em prol da sociedade dos homens

Uma nuvem pesada de ódio e dor

Que desaba e nos envolve

E nos faz dolorosamente perceber

Que no final nossa vida se resume apenas em não viver