cativeiro

sou refém da poesia

que me mantém confinado

num quarto de 3x3 mais ou menos

espécie de cativeiro

onde não vejo ninguém

e não falo com ninguém

quase não como e não leio

a cama, um encardido colchão

um banco que serve de mesa

tendo ao alcance da mão

pedaços de papel de pão

e uma BIC de ponta fina

daquelas que rasgam o papel

às vezes até com vontade

por isso, perdoem-me se o que

acaso eu vier produzir

possa, como em muitos casos,

também não ter qualidade

Rio, 13/05/2007