IN CONSTÂNCIA

Meu coração migratório

fiel como cormorãs

Transpõe fronteiras

Parto do oriente nas asas das trufas de cassis

Deixando para traz minhas queixas

Fendas ainda abertas, seriam lumes

de razão a me perseguir?

Ventos catabáticos, um atalho

Evaporei numa geleira

E minha alma confusa

sem medo, sem dó, foi destruída

Quero uma despedida plena

Prefiro a morte do que essa vida morna.

São minhas as alucinações

de sonhos, aparências, quimeras

não me force uma divindade

tenho paixões para colher

tenho sede de infinito.

E dentro, de dentro das trufas

meu coração em pedaços

fiel, volta, sempre volta

dobrando o cansaço

nas lágrimas e a alma refeita

suspira um rumo

Prevendo uma chegada ávida

nessa tarde-chocolates.